O que ainda não sabemos sobre a Cannabis?

Precisamente quando e onde a Cannabis começou a ser usada como medicina.

A Cannabis Sativa tem sido parte da evolução humana e utilizada por diferentes populações para propósitos diversos. Não está claro quando ou onde a Cannabis foi utilizada pela primeira vez medicinalmente, mas provavelmente ocorreu de forma independente em muitos momentos e lugares. Provavelmente, os primeiros nômades viajavam com a Cannabis, o que permitiu sua disseminação e descoberta em diferentes regiões. Algumas das primeiras utilizações documentadas da Cannabis para fins medicinais remontam à antiga Índia, China e Egito:

  • Na Índia, a Cannabis é utilizada medicinalmente nas tradições Ayurvédica e Unani há pelo menos 3.000 anos. O antigo texto em sânscrito, Atharvaveda, datado por volta de 1500 a.C., fornece evidências do uso de cannabis na medicina indiana.
  • Na China, os primeiros registros médicos do uso de cannabis remontam a cerca de 7000 d.C., mencionando indicações para reumatismo, constipação e distúrbios ginecológicos.
  • No Egito, o uso medicinal da Cannabis foi mencionado pela primeira vez no Papiro Ramesseum III, datado de 1550 a.C., onde foi utilizada para tratar doenças oculares.
  • Na Índia antiga, as propriedades psicoativas da Cannabis foram descritas no Rig Veda, um antigo texto literário indiano datado por volta de 1400 a.C.
  • Em 207 d.C., o médico chinês Hua Tuo utilizou a Cannabis para produzir Ma Fei San, um medicamento anestésico.

Cada avanço na pesquisa nos revela novas aplicações da cannabis e nos proporciona uma compreensão mais profunda dos usos tradicionais à luz da ciência moderna. É nossa responsabilidade valorizar esses conhecimentos enquanto continuamos a avançar e inovar, buscando benefícios mais amplos e sustentáveis.

O número de  variedades de Cannabis que existem atualmente.

O número exato de variedades ou cepas de cannabis é difícil de determinar devido à capacidade da planta de se cruzar e à falta de distinções taxonômicas claras (os cientistas nem mesmo concordam sobre quantas espécies existem!). A abundância de variedades de cannabis evoluiu ao longo do tempo devido a fatores como diversidade genética, intervenção humana, adaptação geográfica, cruzamento e evidências arqueológicas.

  • Diversidade genética: A cannabis possui alta diversidade genética, contribuindo para sua capacidade de se adaptar a várias condições ambientais e intervenções humanas, permitindo o desenvolvimento de diferentes fenótipos.
  • Intervenção humana: A domesticação e o cultivo da cannabis desempenharam papel significativo no desenvolvimento de novas variedades e cepas ao longo do tempo, selecionando plantas com características desejáveis.
  • Adaptação geográfica: A longa história de cultivo da cannabis em diversas regiões foi influenciada pelas condições ambientais locais, demonstrando uma adaptação latitudinal.
  • Hibridização: A capacidade das plantas de cannabis de se cruzarem e produzirem descendência fértil contribui para a abundância de variedades.
  • Evidências Arqueológicas: A evolução da cannabis remonta a milhares de anos, com evidências do uso e cultivo da cannabis encontradas em diversos sítios arqueológicos, como o sítio Haimenkou da Idade do Bronze em Yunnan, China. Isso sugere que a planta possui uma longa história de interação humana, moldando sua evolução e desenvolvimento ao longo do tempo.

Como medir facilmente o tônus endocanabinoide.

O sistema endocanabinoide é farmacologicamente complexo; seus modos de ação e vias de interação ainda precisam ser totalmente elucidados. O tônus endocanabinoide descreve o funcionamento geral do sistema endocanabinoide – a função ou densidade dos receptores de canabinoides, níveis de endocanabinoides e suas enzimas metabólicas. 

Vários métodos podem ser usados para avaliar indiretamente o funcionamento do sistema endocanabinoide, incluindo:

  • Exames de sangue: Os testes de sangue podem ser usados para medir os níveis de endocanabinoides e seus receptores no corpo. No entanto, os níveis sanguíneos de endocanabinoides podem não refletir com precisão sua atividade no cérebro, onde têm seus efeitos primários.
  • Análise Exame de Líquido Cefalorraquidiano: esse exame pode fornecer uma medida mais precisa da atividade endocanabinoide no cérebro. No entanto, este método é invasivo e não é comumente utilizado na prática clínica.
  • Técnicas de imagem: Técnicas de imagem, como tomografia por emissão de pósitrons (PET) e ressonância magnética funcional (RMf), podem ser usadas para visualizar a atividade do sistema endocanabinoide no cérebro. No entanto, essas técnicas são caras e não são amplamente disponíveis.

Apesar de existirem alguns métodos e técnicas que conseguem avaliar indiretamente o tônus endocanabonoide, cada método tem suas limitações, e pesquisas adicionais são necessárias para desenvolver medidas da atividade endocanabinoide no corpo mais precisas e acessíveis.

À medida que nossa compreensão da Cannabis continua a evoluir, torna-se mais crucial do que nunca investir em pesquisa.  Ao fazer isso, poderemos obter uma compreensão abrangente de suas complexidades e desbloquear todo o espectro de seus benefícios potenciais, o que, em última instância, beneficiará a sociedade como um todo.

Referências:

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Escrito por: Leticia Dadalt, PhD: Bióloga, apaixonada pela ciência da vida, traz uma bagagem acadêmica robusta para a arena da educação canábica. Sua jornada é dedicada a compartilhar conhecimento, quebrar estigmas e abrir caminhos para que mais pessoas possam explorar os benefícios terapêuticos dessa planta incrível.

Com sede no Vale do Silício, somos líderes em biotecnologia para suplementação nutricional, com certificado de boas práticas em manipulação pela regulamentação dos Estados Unidos. 

Sistema Endocanabinoide e Cannabis na Saúde Feminina

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