A medicina integrativa, uma prática que combina tratamentos médicos convencionais com terapias complementares e alternativas, está ganhando destaque por sua filosofia baseada em evidências e centrada no paciente. Ela enfatiza a parceria entre paciente e profissional de saúde, considera todos os fatores que influenciam a saúde, promove o bem-estar e mescla métodos convencionais e alternativos para melhorar o bem-estar geral e qualidade de vida.
A medicina integrativa abarca práticas como acupuntura, terapia de massagem, yoga e mindfullness, cada uma oferecendo uma contribuição única para o cuidado holístico. Uma adição recente ao arsenal da medicina integrativa está ganhando atenção significativa por seu potencial terapêutico – a cannabis medicinal.
A cannabis está se mostrando uma opção de terapia complementar que se alinha perfeitamente com os princípios da medicina integrativa. É importante notar que nem sempre ela pode substituir o tratamento médico convencional, mas a integração da cannabis medicinal está transformando o cenário da saúde, oferecendo aos pacientes uma abordagem inovadora para o tratamento de uma variedade de condições clínicas, especialmente aquelas relacionadas ao nosso estilo de vida frenético, que raramente são adequadamente abordadas pelos medicamentos convencionais, como ansiedade, depressão, insônia e dor crônica.
No cerne da integração da cannabis medicinal no âmbito da medicina integrativa está o sistema endocanabinoide (SEC). Este sistema biológico intrincado é composto por neurotransmissores que interagem com receptores de canabinoides em todo o sistema nervoso central, periférico e no sistema imunológico. Na verdade, temos receptores em quase todo o nosso corpo. O SEC desempenha um papel vital na regulação de funções essenciais do corpo, incluindo memória, processamento emocional, sono, controle da dor e respostas imunológicas.
O bom funcionamento do SEC é essencial para manter a homeostase do corpo e o bem-estar geral. Quando esse equilíbrio é perturbado, podem surgir várias questões de saúde. É aí que a cannabis medicinal e seus inúmeros compostos, incluindo canabinoides, flavonoides e terpenos, entram em cena, atuando de forma ampla e ajudando a restaurar o equilíbrio.
A afinidade entre os princípios da medicina integrativa e o potencial terapêutico da cannabis medicinal é notável. Ambos enfatizam a saúde em detrimento da doença, focando no tratamento da pessoa como um todo e na integração de terapias com comprovação científica de segurança e eficácia, promovendo o bem-estar para além do simples alívio de sintomas.
À medida que o corpo de evidências científicas que apoiam o uso da cannabis medicinal continua a crescer, sua presença nas práticas de medicina integrativa oferece novas oportunidades para profissionais de saúde fornecerem cuidados personalizados e abrangentes. Essa união entre terapias antigas e modernas exemplifica o futuro da saúde – uma abordagem profundamente enraizada na ciência e na compaixão.
Referências:
- Bitencourt, R. M., Takahashi, R. N., & Carlini, E. A. (2021). From an Alternative Medicine to a New Treatment for Refractory Epilepsies: Can Cannabidiol Follow the Same Path to Treat Neuropsychiatric Disorders? Frontiers in Psychiatry, 12. https://doi.org/10.3389/fpsyt.2021.638032
- Rees L, Weil A. Integrated medicine. BMJ. 2001 Jan 20;322(7279):119-20. doi: 10.1136/bmj.322.7279.119. PMID: 11159553; PMCID: PMC1119398.
- Rezende B, Alencar AKN, de Bem GF, Fontes-Dantas FL, Montes GC. Endocannabinoid System: Chemical Characteristics and Biological Activity. Pharmaceuticals (Basel). 2023 Jan 19;16(2):148. doi: 10.3390/ph16020148. PMID: 37017445; PMCID: PMC9966761.
Escrito por: Leticia Dadalt, PhD: Bióloga, apaixonada pela ciência da vida, traz uma bagagem acadêmica robusta para a arena da educação canábica. Sua jornada é dedicada a compartilhar conhecimento, quebrar estigmas e abrir caminhos para que mais pessoas possam explorar os benefícios terapêuticos dessa planta incrível.