Diabetes mellitus e Síndrome metabólica

Aprenda sobre o diabetes e a síndrome metabólica, suas causas e como a cannabis medicinal pode oferecer benefícios terapêuticos, auxiliando no controle glicêmico, neuroproteção e muito mais. Descubra o potencial dessa abordagem inovadora para a saúde!

O que é a Diabetes?

O diabetes mellitus é uma doença autoimune que causa o aumento dos níveis de glicose (açúcar) no sangue. O diabetes tipo 1 é a incapacidade do corpo de produzir insulina, enquanto o diabetes tipo 2 é a incapacidade do corpo de utilizar a insulina adequadamente, conhecida como resistência à insulina.

E a Síndrome Metabólica?

A famosa “pré-diabetes”, a síndrome metabólica é um conjunto de condições que ocorrem concomitantemente e aumentam o risco de doenças cardíacas, derrame e diabetes tipo 2. Ela é caracterizada por uma combinação de fatores, incluindo pressão alta, níveis elevados de açúcar no sangue, excesso de gordura corporal na região abdominal, níveis anormais de colesterol e resistência à insulina. A causa exata da síndrome metabólica é desconhecida, mas acredita-se que esteja relacionada a uma combinação de fatores genéticos e ambientais, incluindo obesidade, inatividade física e dieta inadequada. Os sintomas da síndrome metabólica podem incluir aumento da circunferência da cintura, pressão alta, níveis elevados de açúcar no sangue, níveis elevados de triglicerídeos e baixos níveis de colesterol HDL.

O sistema endocanabinoide (SEC) desempenha um papel importante no metabolismo, dismetabolismo e no microbioma intestinal, sendo assim um sistema-alvo novo e emergente no tratamento da síndrome metabólica e diabetes.

Já existem mais de setenta estudos examinando os constituintes da cannabis no tratamento do diabetes. Em conjunto, os dados sugerem que são vários os mecanismos pelos quais a modulação dos componentes do sistema endocanabinoide pode produzir efeitos terapêuticos relevantes, incluindo:

  • Melhora da função metabólica
  • Redução da resistência à insulina
  • Redução das taxas de obesidade
  • Melhora dos parâmetros lipídicos e glicêmicos
  • Redução da inflamação pancreática
  • Redução da disfunção autoimune
  • Propriedades antioxidantes
  • Redução de comorbidades diabéticas (como doenças cardíacas, obesidade, neuropatias)

Os ensaios clínicos em humanos focaram nos efeitos dos fitocanabinóide CBD e THCV e do consumo de proteína de cânhamo em pacientes diabéticos.

Os dados mais promissores estão em uma metanálise de 2020, que sugere que o THCV é o melhor candidato canabinoide para o diabetes e pode proporcionar benefícios terapêuticos aos pacientes. 

Um estudo duplo-cego em humanos com 62 indivíduos avaliou os efeitos do THCV e do CBD em diferentes proporções. Os principais achados foram que, comparado ao placebo, o THCV reduziu significativamente a glicose plasmática em jejum e melhorou a função das células beta pancreáticas, embora o HDL plasmático não tenha sido afetado. Comparado ao início do estudo (mas não ao placebo), o CBD reduziu a resistina e aumentou o peptídeo insulinotrópico dependente de glicose. O THCV pode representar um novo agente terapêutico no controle glicêmico em indivíduos com diabetes tipo 2, pois pode ajudar na neuroproteção, supressão do apetite e controle glicêmico, com um perfil de efeitos colaterais baixo.

Estudos animais vêm mostrando o papel protetor do CBD em diabetes, síndrome metabólica e comorbidades. Um estudo animal de 2016 mostrou que o tratamento experimental com CBD reduz a inflamação pancreática precoce no diabetes tipo 1 (redução nos marcadores de inflamação na microcirculação do pâncreas estudada por microscopia intravital).

Outros estudos pré-clínicos indicam que o CBD pode reduzir concentraçõies de TGO (transaminase oxalacética) e  TGP (transaminase pirúvica); reduzir a resposta cardiovascular aos modelos de estresse, desempenhando um papel positivo no coração e na vasculatura periférica e cerebral; melhorar parâmtros de ansiedade e depresssão em animais diabéticos. Os resultados de um estudo israelense de 2005 indicam que o CBD pode inibir e atrasar a insulite destrutiva e a produção de citocinas inflamatórias associadas ao Th1 em camundongos, resultando em uma incidência reduzida de diabetes, possivelmente por meio de um mecanismo imunomodulador que altera a resposta imune de uma dominância de Th1 para Th2.

Ainda, em um ensaio clínico em humanos, os participantes que consumiram 40g de proteína de cânhamo por dia durante apresentaram redução das concentrações de glicose e insulina pós-prandiais (de forma dependente da dose).

As evidências apontam o enorme potencial da cannabis medicinal em ajudar a tratar e previnir síndrome metabólica, diabetes e comorbidades. Entretanto, mais pesquisas são necessárias para se determinar a eficácia, segurança e dosagem adequada para cada caso. Por ora, o tratamento com cannabis não substitui o tratamento convencional. A moderação conjunta de estilo de vida, ajuste de vários fatores nutricionais, exercícios físicos adequados e o uso de terapêuticas adjuvantes baseadas em canabinóides podem ser estratégias valiosas.

Referências:

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Escrito por: Leticia Dadalt, PhD: Bióloga, apaixonada pela ciência da vida, traz uma bagagem acadêmica robusta para a arena da educação canábica. Sua jornada é dedicada a compartilhar conhecimento, quebrar estigmas e abrir caminhos para que mais pessoas possam explorar os benefícios terapêuticos dessa planta incrível.

Com sede no Vale do Silício, somos líderes em biotecnologia para suplementação nutricional, com certificado de boas práticas em manipulação pela regulamentação dos Estados Unidos. 

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