A depressão é uma condição complexa de origem multifacetada frequentemente associada a várias outras doenças. De acordo com a OMS, a depressão é uma das principais causas de incapacidade em todo o mundo. Em sua última atualização em 2017, estimou-se que mais de 264 milhões de pessoas de todas as idades sofrem de depressão globalmente.
Há um crescente corpo de evidências científicas que sugere que a homeostase do sistema endocanabinoide (ECS) está envolvida na patogênese e no possível tratamento da depressão, oferecendo insights promissores para possíveis tratamentos.
123 Estudos Primários:
17 Estudos Clínicos
57 Meta-análises/Revisões
46 Estudos Animais
2 Estudos Laboratoriais
Resultados Globalmente Positivos: 63%
O Sistema Endocanabinoide e a Regulação do Humor:
O ECS, uma rede complexa de receptores e moléculas de sinalização, está amplamente distribuído em várias estruturas cerebrais responsáveis pelo humor, emoção e recompensa. Evidências científicas sugerem que o ECS interage com outros sistemas de neurotransmissores, influenciando os tons GABAérgicos e glutamatérgicos, bem como a liberação de neurotransmissores importantes, como dopamina, serotonina e opioides. A desregulação do ECS pode levar a efeitos fisiológicos e comportamentais consistentes com os sintomas de depressão e ansiedade.
Dadas as limitações e os efeitos adversos associados aos tratamentos farmacêuticos convencionais para a depressão, agora há um forte foco de pesquisa em entender o mecanismo exato e como manipular o sistema endocanabinoide (ECS) para alcançar efeitos antidepressivos.
Estudos têm demonstrado que indivíduos com transtornos de humor graves, como Transtorno Depressivo Maior (MDD) e Transtorno Bipolar (BD), apresentam níveis diminuídos de endocanabinoides (eCBs) e sinalização de receptores canabinoides perturbada. Aumentar o tom endocanabinoide, por meio de métodos como a prevenção da degradação de eCBs ou a antagonização de receptores canabinoides, demonstrou potencial benefício na redução de sintomas depressivos e ansiogênicos.
Fitocanabinoides, especialmente o CBD, sozinho ou em combinação com o THC, podem ser eficazes como medicamentos terapêuticos. O CBD mostrou resultados principalmente positivos na atenuação dos sintomas da depressão, apresentando ao mesmo tempo um perfil de segurança muito favorável.
Uma revisão de 2018 de estudos pré-clínicos e clínicos sobre o CBD encontrou potencial como agente antidepressivo e ansiolítico[1]. Outro estudo descobriu que o CBD pode ter um efeito antidepressivo rápido e sustentado em modelos animais. A evidência para canabinoides menores e depressão está em seus estágios iniciais, mas é teoricamente possível e digna de investigação.
A natureza complexa desses distúrbios exige uma investigação completa dos potenciais benefícios e riscos associados ao uso de canabinoides. À medida que a comunidade científica continua a explorar o ECS e os canabinoides, esperamos mais clareza sobre seus papéis na regulação do humor. Apesar das evidências convincentes do envolvimento do ECS em distúrbios de humor como ansiedade e depressão, ainda precisamos de mais ensaios clínicos randomizados abrangentes para estabelecer a eficácia dos canabinoides como tratamentos e produzir diretrizes abrangentes.
Referências
Bright, U., & Akirav, I. (2022). Modulation of Endocannabinoid System Components in Depression: Pre-Clinical and Clinical Evidence. International Journal of Molecular Sciences, 23(10), 5526. https://doi.org/10.3390/ijms23105526
Crippa JA, Guimarães FS, Campos AC, Zuardi AW. Translational Investigation of the Therapeutic Potential of Cannabidiol (CBD): Toward a New Age. Front Immunol. 2018 Sep 21;9:2009. doi: 10.3389/fimmu.2018.02009. PMID: 30298064; PMCID: PMC6161644.
Hasbi A, Madras BK, George SR. Endocannabinoid System and Exogenous Cannabinoids in Depression and Anxiety: A Review. Brain Sciences. 2023; 13(2):325. https://doi.org/10.3390/brainsci13020325
Sachedina, F., Chan, C., Damji, R. S., & De Sanctis, O. J. (2022). Medical cannabis use in Canada and its impact on anxiety and depression: A retrospective study. Psychiatry Research, 313, 114573. https://doi.org/10.1016/j.psychres.2022.114573
Escrito por: Leticia Dadalt, PhD: Bióloga, apaixonada pela ciência da vida, traz uma bagagem acadêmica robusta para a arena da educação canábica. Sua jornada é dedicada a compartilhar conhecimento, quebrar estigmas e abrir caminhos para que mais pessoas possam explorar os benefícios terapêuticos dessa planta incrível.